quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Canto fúnebre.


Imagina que estás numa floresta. Está escuro. Estás nevoeiro. Não consegues ver o caminho. Não consegues ver-te a ti próprio. A única coisa que ouves é a tua respiração ofegante. De medo. Caminhas em direcção ao que pensas ser uma saída, mas cada vez te perdes mais, na verdade estás em direcção a um nada. Nada sabes do que se passa à tua volta. Ouves sons, vês sombras, vislumbres do que podem ser formas que conheces, realidades, mas não sabes. De repente, apercebes-te. Estás a andar às voltas. Então, decides parar. Nesse momento, pensas. Algo te incapacita de continuar. Não sabes se o melhor é ficar onde estás ou prosseguir. Não sabes nada de nada, talvez seja melhor não saberes, talvez seja melhor ficares na ignorância, ainda que esta te mate. O teu medo, a tua mente, o teu pensamento, o que sabes que existe mas que não conheces, incapacitam-te. Já reparaste na ironia? O que não conheces, controla-te, sem que possas fazer muito em relação a isso. Agora, a decisão é tua. Quer comeces a correr desesperada e estupidamente em direcção ao que não conheces, quer fiques exactamente no mesmo sítio, vais continuar a andar aos círculos. Vais sempre voltar ao mesmo ponto onde começaste, por onde passaste e talvez até onde paraste naquele momento.

Agora, imagina, que essa floresta, é a (tua) vida. A (tua) (in)existência.

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