domingo, 6 de janeiro de 2013

Não consigo viver sem emoções fortes. Fazem-me falta aquela profundidade, intensidade, drama, tragédia que caracterizam a forma como vivo as coisas: sempre no limite, sempre num auge, sempre por inteiro e nunca a metade. Gosto de fazer das coisas pequenas, grandes. Das pequenas conquistas, grandes ganhos; de pequenos percalços, grandes tragédias. Se é para chorar e sofrer, é para fazê-lo com alma!... é para fazê-lo até que me apeteça vomitar, até não haver mais lágrimas nem mais voz para gritar. Se é para estar furiosa e com raiva e a explodir, que seja para bater todas as portas e partir todos os pratos da casa. Se é para sorrir, que seja com um sorriso aberto, sincero e genuíno, de quem se sente verdadeiramente abençoada pelas coisas mais pequenas do dia-a-dia, e torná-las grandes e especiais! Se é para rir, que seja rir a bandeiras despregadas, que dê vontade de dançar, festejar e celebrar a vida, que seja para rir de tanta alegria e felicidade que explode no coração, que quase faz chorar!

Não saberia eu viver de outra forma... sem o drama e a tragédia que dá aquele toque de filme ou novela que dou à minha vida. Sem me entregar por completo, sem arriscar tudo o que tenho e o que não tenho, sem colocar o meu CD favorito e a cantar em altos berros sozinha no carro, sem acordar com música clássica como despertador, sem estar a levantar voo com um belíssimo nascer-do-sol e ouvir música que me invade a alma de emoção. Sem viver loucuras, entregar-me a elas como se nunca houvesse amanhã, muitas vezes sem expectativas, sem medos, sem reflectir muito nas possíveis consequências, de forma espontânea.

Gosto de brincar com possibilidades. Com o que poderia ter sido, como seria se tivesse tomado decisões diferentes, de brincar com os presentes alternativos e universos paralelos. Gosto de pensar que o número de cenários e rumos diferentes que a vida pode tomar, é tanto quanto o número de decisões e caminhos a seguir com que nos deparamos: infinitos! Faço escolhas, mas gosto de imaginar como teria sido se tivesse feito aquela escolha, e não esta? E aquela outra, e aquela? Onde me teria levado, onde estaria agora, como seria agora? Nunca em tom de arrependimento ou de querer voltar atrás e mudar as coisas, mas sempre num prazer que me dá brincar com o desconhecido. Dá-me gozo encarnar personagens, viver em filmes, fazer filmes da minha vida, da que é e da que poderia ter sido, de viver na minha “wonderland”, como muitos dizem. 

Muitos me “acusam” de ser ingénua. Louca, irreflectida, que ajo sem pensar muito nas consequências, que talvez devesse estar menos iludida e talvez pensar melhor antes de agir e embarcar em aventuras sem destino previsto ou imprevisível. Que deveria viver mais no mundo real e menos na wonderland. Mas... imprevisível, aventura, riscos, sim, e daí? Que seria da vida feita de previsibilidade? De ficar onde é e sempre foi confortável, ao que se está habituado, e não explorar mais para além disso? Qual o mal de viver num filme ou fazer na vida um filme, ter um próprio mundo, um mundo só nosso, onde de vez em quando queremos entrar, como um escape da realidade para a qual e com a qul acordamos todos os dias? Não compreendo esta perspectiva, conformista e conformada, que muita gente tem face à vida, que afinal, é só uma, só a vivemos uma vez, e ninguém a pode viver por nós. Não há espaço para pensar "é isto, a vida é isto, tough up for life!", em vez disso, há espaço para pensar "não,não pode ser assim. tem de ser mais do que isto. tem de haver mais. vou descobrir mais. vou viver mais". Nem todos compreenderão esta minha perspectiva; porque tomo determinadas decisões, porque vou a determinados sítios, faço determinadas coisas, tenho determinados hábitos, dou-me com determinadas pessoas; não compreendem que por vezes preciso fugir, fugir da vidinha normal, das pessoas normais, que não me despertam o mínimo interesse, com as quais muitas vezes faço um esforço descomunal para manter uma conversa de circunstância e poder arranjar uma desculpa para me livrar daquilo, dos sítios comuns, das conversas mais do que conversadas; não compreendem porque gosto tanto de ter sempre um escape, um fuga, umas férias que não precisam ser físicas, podem ser dentro da minha mente, na minha wonderland, e no filme em que vivo; não entendem a minha sede de ir sempre mais além, explorar novos campos, viver de forma intensa e levar tudo ao limite.

Sim, eu não conseguiria viver sem emoções fortes. Sem fazer das coisas mais pequenas, coisas enormes, sem fantasiar constantemente, sem brincar com os meus pensamentos e senti-los de forma tão absorvente. 

"there are certain things in life where you know it's a mistake but you don't really know it's a mistake because the only way to really know it's a mistake is to make the mistake and look back and say 'yep, that was a mistake.' So really, the bigger mistake would be to not make the mistake, because then you'd go your whole life not knowing if something is a mistake or not."

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